Entrevista com Murilo de Campos Valadares

Murilo de Campos Valadares é formado em engenharia civil pela UFMG em 1979 e é filiado ao PT. Em 1993 assumiu a Administração Regional Centro-Sul, cargo que ocupou durante todo o mandato de Patrus Ananias. Nos dois primeiros anos do governo Célio de Castro, foi diretor de operações da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), de onde saiu para assumir a superintendência da Sudecap, em fevereiro de 1999. Em janeiro de 2001, foi nomeado Secretário de Políticas Urbanas e em 2011 foi nomeado Secretário de Obras e Infraestrutura, cargo que ocupa atualmente.


A entrevista ocorreu dia 14/04/2011 na sala de reuniões da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte.

Clarisse - A escolha do tema “Meio Ambiente” para meu TFG foi inspirada nas tragédias recentes ocorridas na região serrana do estado do Rio de Janeiro.  Segundo o presidente do CREA-RJ, as prefeituras em geral não tem planejamento, não tem equipes técnicas e não estão aparelhadas para estes acontecimentos e vão continuar assim até que os estados de governo reconheçam o que não fizeram há três décadas. Na sua opinião como Secretário de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte, qual solução daria para a reconstrução de parte dos municípios da região serrana do Rio de Janeiro pós tragédia?

Murilo Valadares - Após análise geoténica da região que sofreu com os desastres ambientais, um mapeamento de habitabilidade deverá ser realizado. Rever a lei que estabelece uma área de proteção de 30 metros para cada margem. Trinta metros é o mínino, mas ainda é perigoso. Um bom escoamento de água (obras de drenagem) poderia ter evitado tantas tragédias.


Clarisse - Um geólogo da UFRJ disse em uma entrevista sobre as tragédias ocorridas na região serrana, que após um mapeamento feito nos municípios, é preciso retirar as pessoas das áreas consideradas de alto risco. É possível planejar a ocupação urbana nas áreas de risco geológico?

Murilo Valadares - Este geolólogo está se contradizendo. Se ele afirma que após um mapeamento feito nos municípios, as pessoas deverão ser retiradas das áreas consideradas de risco, então não precisa de mapeamento para isso. Se precipitou. Somente após o mapeamento de habitabilidade é possível dizer quem deverá ou não deixar suas casas.

Clarisse - Assim como há tecnologias de construção no Japão para evitar conseqüências de um terremoto, como a desmoronamento de um edifício, como poderiam se tornar viáveis, na sua opinião, as tecnologias de construção para áreas de risco geológico como os deslizamentos de terra? (Sabendo-se do poder aquisitivo da maioria dos moradores destes locais)

Murilo Valadares - O Japão está preparado para os terremotos e nós ainda não temos uma solução para nos preparar para as inundações, por exemplo. Uma solução, que existe na Holanda, são os diques que protegem o país das inundações provocadas pelo mar e por rios.

Clarisse -  A partir de um mapeamento de área de risco geológico não habitáveis no Brasil, um lei poderia ser criada para que qualquer construção nestes locais deveriam atender a requisitos. Um dos requisitos seria garantir em um cômodo, para aqueles que resistem em não sair de suas casas, a utilização de um sistema de construção para resistir aos deslizamentos de terra. Tendo em vista algumas casas do bairro Mangabeiras regularizadas em encosta,  como o senhor vê a possibilidade desta intervenção uma vez que o ser humano não pode garantir que as construções em sua totalidade resistirão a um futuro abalo em uma rocha de filito, por exemplo?

Murilo Valadares - O bairro Mangabeiras é um bom exemplo, mas a água escoa rápido e as pessoas investiram em fundação, diminuindo assim o risco de deslizamento.

1 comentários:

Maria Tereza disse...

Olá Clarisse,

Sou estudante de arquitetura e também precisava entrevistar o Murilo Valadadres sobre a desapropriação de uma favela! Como você conseguiu o contado dele? Se poder me ajudar!
Desde já agradeço,
Maria Tereza

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