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Vídeo 04 - Qual a patologia das construções em eventos como enchentes e inundações?

Raw Video: Flood Waters Wash Home Away



Vídeo 03 - Qual a patologia das construções em eventos como enchentes e inundações?

Enchente em Blumenau - 2008 - queda de casa no meio da rua Hermann Huscher


Vídeo 02 - Qual a patologia das construções em eventos como enchentes e inundações?

Cenas de um resgate - Região Serrana do rio de Janeiro

Vídeo 01 - Qual a patologia das construções em eventos como enchentes e inundações?

Casa se desfaz diante da câmera na região serrana do Rio



Caldeirão reforma casa de senhora resgatada por corda na enchente da Região Serrana

qua, 20/04/11
por Editor |
categoria Família Souza


O primeiro Lar Doce Lar do ano está para lá de especial. Luciano Huck vai até São José do Vale do Rio Preto relembrar a história de Dona Ilair. A senhora protagonizou uma das cenas mais marcantes da tragédia ao ser resgatada por vizinhos da enchente que devastou toda a região e matou milhares de pessoas. 
Comovidos com a coragem da senhora, o apresentador e a equipe do programa resolveram trabalhar duro para que Ilair e os filhos Alessandro e Sandro ganhassem um novo lar. Ao contrário do que normalmente acontece com os participantes do quadro, Dona Ilair, já tendo passado recentemente por essa incrível tragédia, não precisou fazer nenhuma prova. 
No entanto, como o Caldeirão não dá nada de graça, a família teve que fazer uma missão humanitária, visitando várias cidades afetadas pela enchente. Além da doação de donativos, eles ajudaram na organização e distribuição de itens ainda hoje essenciais para os afetados pelas chuvas. 
Ainda neste programa, você verá famosos tentando fazer a difícil competição de Empilhamento de Copos e irá torcer por Adalberto Motta. Ele, que também é morador da Região Serrana, perdeu parte da família e a casa na enchente.


Entrevista com Murilo de Campos Valadares

Murilo de Campos Valadares é formado em engenharia civil pela UFMG em 1979 e é filiado ao PT. Em 1993 assumiu a Administração Regional Centro-Sul, cargo que ocupou durante todo o mandato de Patrus Ananias. Nos dois primeiros anos do governo Célio de Castro, foi diretor de operações da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), de onde saiu para assumir a superintendência da Sudecap, em fevereiro de 1999. Em janeiro de 2001, foi nomeado Secretário de Políticas Urbanas e em 2011 foi nomeado Secretário de Obras e Infraestrutura, cargo que ocupa atualmente.


A entrevista ocorreu dia 14/04/2011 na sala de reuniões da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte.

Clarisse - A escolha do tema “Meio Ambiente” para meu TFG foi inspirada nas tragédias recentes ocorridas na região serrana do estado do Rio de Janeiro.  Segundo o presidente do CREA-RJ, as prefeituras em geral não tem planejamento, não tem equipes técnicas e não estão aparelhadas para estes acontecimentos e vão continuar assim até que os estados de governo reconheçam o que não fizeram há três décadas. Na sua opinião como Secretário de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte, qual solução daria para a reconstrução de parte dos municípios da região serrana do Rio de Janeiro pós tragédia?

Murilo Valadares - Após análise geoténica da região que sofreu com os desastres ambientais, um mapeamento de habitabilidade deverá ser realizado. Rever a lei que estabelece uma área de proteção de 30 metros para cada margem. Trinta metros é o mínino, mas ainda é perigoso. Um bom escoamento de água (obras de drenagem) poderia ter evitado tantas tragédias.


Clarisse - Um geólogo da UFRJ disse em uma entrevista sobre as tragédias ocorridas na região serrana, que após um mapeamento feito nos municípios, é preciso retirar as pessoas das áreas consideradas de alto risco. É possível planejar a ocupação urbana nas áreas de risco geológico?

Murilo Valadares - Este geolólogo está se contradizendo. Se ele afirma que após um mapeamento feito nos municípios, as pessoas deverão ser retiradas das áreas consideradas de risco, então não precisa de mapeamento para isso. Se precipitou. Somente após o mapeamento de habitabilidade é possível dizer quem deverá ou não deixar suas casas.

Clarisse - Assim como há tecnologias de construção no Japão para evitar conseqüências de um terremoto, como a desmoronamento de um edifício, como poderiam se tornar viáveis, na sua opinião, as tecnologias de construção para áreas de risco geológico como os deslizamentos de terra? (Sabendo-se do poder aquisitivo da maioria dos moradores destes locais)

Murilo Valadares - O Japão está preparado para os terremotos e nós ainda não temos uma solução para nos preparar para as inundações, por exemplo. Uma solução, que existe na Holanda, são os diques que protegem o país das inundações provocadas pelo mar e por rios.

Clarisse -  A partir de um mapeamento de área de risco geológico não habitáveis no Brasil, um lei poderia ser criada para que qualquer construção nestes locais deveriam atender a requisitos. Um dos requisitos seria garantir em um cômodo, para aqueles que resistem em não sair de suas casas, a utilização de um sistema de construção para resistir aos deslizamentos de terra. Tendo em vista algumas casas do bairro Mangabeiras regularizadas em encosta,  como o senhor vê a possibilidade desta intervenção uma vez que o ser humano não pode garantir que as construções em sua totalidade resistirão a um futuro abalo em uma rocha de filito, por exemplo?

Murilo Valadares - O bairro Mangabeiras é um bom exemplo, mas a água escoa rápido e as pessoas investiram em fundação, diminuindo assim o risco de deslizamento.

Entrevista com Prof. Luiz Carlos Molion (em construção)

O Professor Luiz Carlos Molion bacharelou-se em Fisica pela USP, doutorou-se em Meteorologia, e em Proteção Ambiental como campo secundário, pela Universidade de Wisconsin, Madison, WI, USA, e concluiu seu pós-doutorado no Instituto de Hidrologia, Wallingford, Inglaterra, em 1982, na área de Hidrologia de Florestas. É “fellow” do Wissenschaftskolleg zu Berlin, Alemanha, onde trabalhou como pesquisador visitante durante 1989-1990. Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia. Aposentou-se do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, onde foi Diretor de Ciências Espaciais e Atmosféricas, como Pesquisador Titular III. Entre 1990-92, esteve Presidente da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido, Governo do Estado do Amazonas, em Manaus. Atualmente, encontra-se na Universidade Federal de Alagoas, em Maceió, como Professor Associado no Instituto de Ciências Atmosféricas, e desenvolvendo pesquisas nas áreas de dinâmica de clima, desenvolvimento regional, energias renováveis e dessalinização de água. É membro do grupo de Gerenciamento de Riscos climáticos da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial.

Por e-mail, foram enviadas perguntas ao professor sobre a relação entre os fenômenos climatológicos e arquitetura e o urbanismo, após apresentação do tema do meu TFG.
Obs.: As perguntas e respostas restantes serão postadas a medida que o professor for respondendo.




Clarisse - Segundo o artigo Arquitetura da Destruição da Revista Superinteressante, o autor diz que "diante do inevitável, várias cidades ao redor do mundo estão tentando se reinventar para conviver com os efeitos do aquecimento global. (...) É preciso repensar a arquitetura das cidades e prepará-las para o pior." Com base nos seus conhecimentos e sua linha de pensamento sobre o aquecimento global, qual situação o país se encontra e como o ser humano deveria tratar os recorrentes acontecimentos como as enchentes, os deslizamentos de terra e inundação nas áreas mais vulneráveis?

Professor Molion - A primeira questão trata do aquecimento global. Bem, voce sabe minha opinião nesse aspecto. Existe uma variabilidade climática natural que tem um ciclo de 50a 60 anos. Entre 1925-46 e entre 1977-98 o clima aqueceu e entre 1947-76, o clima se resfriou. Nos próximos 20 anos, isto é, 1999-2030, será de resfriamento. Note que estamos falando de uma flutuação de temperatura inferior a 1°C em 150 anos. Isso não é nada, comparado com eras glaciais, em que as temperaturas podem variar 10°C a 15°C na média global. O autor do artigo na Revista Superinteressante falou besteira, quando mecionou aquecimento global e preparar para o pior. Chuvas intensas sempre ocorreram no passado e sempre produziram deslizamentos de terra e enchentes em áreas baixas (várzeas dos rios). Mostrei um slide, em que a frequência maior de tempestades acima de 30 mm foi maior na década dos 40 (1941-1950) na cidade de S.Paulo. O problema é dificil de se tratado pois:

1) as cidades e a area impermeabilizada cresceram muito e geram grandes volumes de água que não tem onde se acomodar (1 mm de chuva= 1 litro por m2).

2) No mundo, 55% da população vivem em grandes cidades. No Brasil, mais de 80% vivem nas grandes cidades. E vai crescer mais, porque as pessoas querem conforto (água encanada, energia, acesso mais fácil a alimentos, etc.). A população, em geral mais pobre, está ocupando áreas indevidas, sujeitas a inundações e deslizamentos.

Clarisse - Na sua opnião como cientista e membro do grupo de Gerenciamento de Riscos climáticos da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial, qual solução arquitetônica e/ou urbanística daria para a ocupação urbana das áreas de risco geológico?

Professor Molion
- As soluções devem ser específicas para cada cidade, cada área, levando em conta a densidade populacional, a fisiografia (topografia, rede de drenagem natural (rios), cobertura vegetal) e tipos de solos. No caso da região serrana do Rio, por exemplo, temos uma "capinha de solo" que se acumulou ao longo de milhões de anos sobre as rochas. Esse solo não tem estabilidade alguma e até vegetação de porte alto, como árvores, colaboram com sua destruição (deslizamento), porque as árvores sofrem o torque imposto pelos ventos e ajudam a desagregar o solo. Nesse caso, há que serem feitas obras de contenção de encostas, como paredes de concreto com estacas cravadas nas rochas, fazendo um "terraceamento" com cobertura de vegetação rasteira (tipo grama) para minimizar a erosão. O "enchimento" do terraços deve seguir as normas de drenagem clássica, com materiais de diferentes granulações, para facilitar a drenagem da água superfícial, e com "aberturas" na base (subsuperficial, em contato com a rocha) dos muros de concreto, para permitir escoamento subterrâneo (da água percolada) até a rede hidrográfica. Se não for feita essa contenção, não há como proteger pessoas, sejam pobres ou ricas.
"Voce, como arquiteta, deve analisar o exemplo dos Incas, em Machu Pichu , uma proteção de encostas com terraceamento absolutamente fantástica que dura até hoje - mais de mil anos. (...) Acho que BH não é muito diferente da região serrana. By the way, aquela região do Japão tinha um muro de proteção contra tsunami, mas a onda incial teve 37 metros de altura e o muro não funcionou!"
Prof. Molion




Casa anfíbia

Casa anfíbia ou flutuante. Holanda
[ foto Art Zaaijer ]

Casas anfíbias é o que se está projetando, hoje, na Holanda. Com 50% de seu território a apenas 1 metro acima do nível do mar e extensas áreas abaixo dessa linha, os batavos estão preocupadíssimos com a possibilidade, real, de elevação das águas oceânicas em função do aquecimento global. Quinhentos pesquisadores universitários, financiados pelo Governo, já se dedicam ao estudo do tema, em regime de dedicação exclusiva e integral. Mas como seguro morreu de velho, os arquitetos locais também trabalham com alternativas. Neste projeto, em Maasbommel, assinado pelo estúdio Factor Architecten, as casas foram projetadas para... 'flutuar', deslizando em guias verticais, na emergência de enchentes que elevem o nível das águas em, até, + 5,50 m
 

Imagens adicionais em www.worldarchitecturenews.com