Resenha do texto "Tolerância e inclusão das pessoas com deficiência", de Elizabeth Cristina Costa

Quando se trata de deficiências físicas, sensoriais ou cognitivas, o extremamente nos assusta e nos inibe. A intolerância em relação às pessoas com estas deficiências ainda existe em pleno século XXI e as pessoas que as possuem não possuem reconhecimento e respeito ao exprimir suas qualidades de seres humanos.

As pessoas com deficiência sofrem a intolerância expressa nos impedimentos sociais que lhes são impostos por uma sociedade que se condiera são e que reage pelo medo, pela agressão, pelo desrespeito e pelo isolamento e consequentemente alimenta-se os círculos de intolerância. Na maioria das vezes, a sociedade eliizada, egoísta e preconceituosa produz dictomias e hierarquias entre aqueles que são deficientes e os que não são, rejeitando as diferenças humanas, abstraindo-as promovendo a segregação e a exclusão social.

Sob inspiração da sociologia das ausências (Santos, 2006, p. 24), as pessoas com deficiência acabaram assumindo formas desqualificadas de ser e viver sob imposição da sociedade. O ignorante (limitação corporal e intelectual), a residual (segregação torna-se uma forma de esconderijo para o ser humano que não cabe nos moldes da sociedade), o inferior (quando a diferença naturaliza dicotomias hierárquicas), o local (assessibilidade) e o imprdutivo, são algumas destas formas.

Para superar a intolerância, deve-se construir relações despidas de hierarquia, em que prevalece o conhecimento mútuo, pois o preconceito se vence com conhecimento. E as pessoas com deficiência, ter conhecimento construído no ato de encontrar (pessoas com e sem deficiência) nos diversos espaços sociais. Para educar para a tolerância necessita-se buscar compreender a condição humana vislumbrando a possibilidade de convivência entre todas as pessoas e reconhecer a cultura humana em sua complexidade e respeitá-la, olhando para as pessoas com deficiência como pessoas que compõem o universo social e que têm um modo diferente e digno de viver e aprender.

Todos precisamos ter condições de fazer algum percurso. Assim, podemos dizer que as condições concretas para o exercício da tolerância em relação às pessoas com deficiência remetem-nos ao tema da acessibilidade, que associa-se a construção de espaços sociais e que garantam a condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação.

As experiências de inclusão nos diversos espaços sociais (educação, trabalho, lazer etc.) realmente têm demonstrado que o medo do encontro somente desaparece no ato de encontrar. Quando passamos a conviver com as pessoas com deficiência, nós descobrimos quem realmente são estas pessoas. Nosso olhar converte-se da deficiência para a nossa diferença. Além da acessibilidade física e comunicacional, é necessário construir com a construção das relações de tolerância e respeito entre todas as pessoas.

A deficiência do outro desafia ao reconhecimento de nossa própria vulnerabilidade tornando-se fundamental o entendimento de que a dignidade humana é inviolável que garante a vida digna em meio às situações de vulnerabilidade humana da existência. O seu reconhecimento transforma a fraqueza em força, a incapacidade em capacidade, as deficiências em diferenças formas de ser, viver e conhecer.

Respeitando e considerando a condição humana das pessoas com deficiência em sua complexidade, poderemos incluir no “ser” humano novas categorias, tais como: ser cego, ser surdo, ser surdo-cego, ser paraplégico, ser tetraplégico, ser autista etc. E além disso, daríamos visibilidade à vulnerabilidade humana com todos os seus desafios postos, onde fraqueza, dor, medo, erro, instabilidade e a incapacidade, por exemplo, poderão também ser categorias que nos ensinam no exercício da tolerância.

Comentando o texto "Henri Lefebvre e o retorno à dialética"

Henri Lefebvre sintetiza o projeto que unifica sua extensa obra, mais de 70 volumes, aderindo ao marxismo de maneira crítica pelo fato de achar a obra de Marx “postiçamente concluída” por pensar, idealizar e viver em sua prória época. Lefebvre encontra em Marx o homem que começou a construir e sintetizar as indagações historicamente fundamentais de seu tempo, as perguntas não respondidas e as questões não resolvidas da época que com ele se inicia.

Lefebvre retoma uma das principais idéias de Marx, a alienação, na relação entre o homem e a natureza. O homem para atender suas necessidades, modifica a natureza e suas próprias condições de vida, constituindo-se como humano, mas critica sua tese, em “A Ideologia Alemã”, da formação econômico-social. Lefebvre já carrega consigo o intuito de datação das relações sociais que nem sempre possuem a mesma origem e todas sobrevivem de diferentes momentos e circunstâncias históricas.

Além da alienação, Lefebvre adere a outros pensamentos de Marx, mas os relacionando na época atual. A lei de formação econômico-social é a lei do desenvolvimento desigual em que as forças produtivas, as trelações sociais, as superestruturas (políticas e culturais) não avançam igualmente, simultâneas, no mesmo ritmo histórico e entende que a desigualdade dos ritmos dodesenvolvimento histórico decorre do desencontro que na práxis faz do homem produtor de sua própria história e, ao mesmo tempo, o divórcio dela, não torna o senhor  do que faz. Sua obra ganha vida própria. A formação é econômica e social porque abrange simultaneamente esses dois âmbitos da práxis: a natureza (o econômico) e a sociedade (o social). O homem constrói relações sociais e concepções, idéias, interpretações que dão sentido. Reproduz, mas também produz, isto é, modifica, revoluciona a sociedade, base de sua atuação sobre a natureza, inclusive sua própria natureza.

A pobreza, segundo Lefebvre, ganha um significado bem diverso da concepção limitada de pobreza material que era característica da época de Marx. A necessidade de tempo de trabalho é imensamente maior do que era há um século e uma das grande pobrezas é a pobreza do tempo. Lefebvre indica imensas possibilidades tecnológicas e científicas do nosso tempo que chegam à vida cotidiana das pessoas como chuvas residuais daquilo que foi prioritariamente destinado à constituição e alimentação dis sistemas de poder, e não ao próprio homem.

O que possibilitou aqui este entendimento das espacialidades diversas e sobrepostas foi o método regressivo-progressivo14 , proposto por Henri Lefebvre, e no qual procuramos nos apoiar. Tal método supõe os seguintes momentos: primeiro faz-se uma descrição horizontal da realidade presente, observando, ouvindo, levantando elementos, descrevendo, sem nos preocuparmos ainda com a análise das diversas temporalidades existentes e sobrepostas. Num segundo momento, com os olhos do presente, voltamos ao passado para compreendê-lo, desvendá-lo, elucidá-lo. Tratase do momento analítico-regressivo, que parte do preceito formulado inicialmente por Marx, de que “o atual permite compreender o passado e a sociedade capitalista as sociedades anteriores, porque desenvolve as categorias essenciaisdessa. É neste momento analítico que procuramos compreender as diversas temporalidades da história que continuam presentes no atual, mas que datam de outros tempos. Trata-se, pois, de um mergulho vertical na realidade social. “O que no primeiro momento parecia simultâneo e contemporâneo é descoberto agora como remanescente de época específica. O terceiro momento é o histórico-genético, “no curso do qual o proceder do pensamento volta até o atual, a partir do passado já decifrado, apreendido em si mesmo. Daí, a partir deste reencontro com o presente já elucidado pelo realizado, pode-se entender o possível, o virtual (futuro). Tendências e virtualidades são sempre plurais, e o que é impossível hoje pode tornar-se possível no futuro e vice-versa. Este método permite, como se vê, uma ampla compreensão da realidade vista em sua complexidade, não a partir de uma história da simples sucessão linear de fatos. O tempo não é definido somente por linearidades, mas também por seus desencontros e descontinuidades. Além disso, segundo Lefebvre esse método deixa lugar para estudos locais, em diversas escalas, inserindo-os na análise geral, na teoria geral. Atualmente vivemos, segundo Henri Lefebvre, numa sociedade que tende para a urbanização completa, da qual ainda não conseguimos compreender bem a lógica e as contradições concretas, porque um “campo cego” se define, ou seja, olhamos para o urbano com os olhos e a perspectiva da sociedade industrial (sua antecessora). Assim, olhamos e não enxergamos o que está diante dos olhos na realidade sensível em sua turva transparência. (LEFEBVRE, 1999b) Daí, também, a dificuldade de entender o processo de desestruturação dos bairros, que nas condições atuais da urbanização transformam-se no que aqui denominamos de porção imersa na metrópole. Agora, discutidos ainda que brevemente o método e a teoria que dão sustentação a esta pesquisa, é possível afirmarmos que é a porção imersa na metrópole que revela o bairro e as suas características, assim como a porção imersa e o bairro revelam a localidade rural. Como dissemos na Introdução, devemos partir sempre do presente. A regressão sempre parte do presente, em enorme complexidade. Tais espacialidades (localidade, bairro e porção imersa) comportam-se, em realidade, como camadas superpostas, interpenetradas e, eventualmente, absorvidas umas nas outras. Essas espacialidades podem ser compreendidas a partir da teoria do espaço diferencial, segundo a qual “as diferenças que emergem e se instauram no espaço não provém do espaço enquanto tal, mas do que nele se instala, reunido, confrontado pela/na realidade urbana. Contrastes, oposições, superposições e justaposições substituem os distanciamentos, as distâncias espaço-temporais”. Além disso, cumpre esclarecer que essas espacialidades diversas da Água Branca estão vinculadas a um movimento mais amplo (que se dá em escala planetária, não ao mesmo tempo e no mesmo ritmo em todos os lugares), decifrado por Lefebvre, que vai do rural ao urbano, passando pelo industrial. “Nesse percurso, (há uma) complexificação da sociedade, quando ela passa do rural ao industrial e do industrial ao urbano” (LEFEBVRE 1999b:153). O espaço e a sociedade têm esse movimento, que não se dá de forma linear, mas com passagens críticas (zonas ou pontos críticos), repletos de conflitos e contradições, além do que, vale insistir, tais passagens não se dão de forma absoluta, na medida em que a sociedade urbana sempre vai trazer consigo resíduos das eras industrial e agrária. “A cidade, sua explosão, a sociedade urbana e ‘o urbano’ em emergência, superpõem suas contradições às da era industrial e da era agrária” (LEFEBVRE, 1975:12). Pois bem, tendo-se em conta a definição de bairro e a teoria exposta neste item, bem como a reconstituição histórica da Água Branca, propomo-nos agora, retomar algumas questões centrais expostas neste artigo, a partir do plano propriamente empírico, restabelecendo a discussão em outro patamar, ensaiando um mergulho no cotidiano. Isso porque é a perspectiva do cotidiano que irá fundamentar com mais clareza as descobertas deste trabalho.

O único e homogêneo na produção do espaço

A expressão “produção do espaço”, provavelmente cunhada por Lefebvre no final
dos anos 60, visa responder aos processos de reprodução das relações capitalistas de produção. O espaço para Lefebvre (1974) consiste, grosso modo, no lugar onde as relações capitalistas se reproduzem e se localizam com todas as suas manifestações de conflitos e contradições. Embora Lefebvre tenha contribuído para análise espacial ao incluir a idéia de produção do espaço na tese reproducionista, esta não representou, de acordo com Smith (1988, p. 142), uma “ruptura radical com a tradição marxista clássica, especialmente (...) no que diz respeito à produção da natureza e à relação entre natureza e espaço”. No final dos anos 70, a imunização contra o pragmatismo descritivo da disciplina, assume a forma de uma concepção estrutural de sociedade e de espaço cujo foco das análises dirigia-se para as contradições, os conflitos e os antagonismos inerentes aos movimentos da estrutura social. Logo, o espaço revelava no conteúdo de suas formas as mesmas contradições que o produziram. Essas, por sua vez, geravam também as condições de reprodução das relações sociais. Nesse sentido, o espaço é resultado e, ao mesmo tempo, condição da reprodução social. Em outras palavras, o espaço consiste em um “efeito” que se transforma em “causa”, ou, um resultado que se transforma em processo. Para Santos (1991, p. 38), a idéia central da interpretação da produção espaço situase na combinação simultânea entre a forma, a estrutura e a função. Isso porque, “os movimentos da totalidade social modificando as relações entre os componentes da sociedade, alteram processos e incitam funções”. Essa totalidade social, crê o autor, pressupõe a existência de um movimento dialético da estrutura que opera sobre as formas e funções, fazendo com que os lugares tornem-se combinações de variáveis que diferenciamse ao longo do tempo. A diferenciação entre as variáveis resulta tanto da periodização histórica, pois atravessam épocas posteriores ao seu surgimento e convivem com variáveis novas, quanto de suas formas de espacialização, isto é, do seu lugar de origem e de sua difusão territorial. Nesse sentido, é a idéia de movimento da totalidade no tempo e no espaço que fundamenta a concepção de que o espaço é produzido no e pelo movimento da totalidade social. Consiste, portanto, em uma “geografização” do movimento estrutural da sociedade que se traduz espacialmente em novas formas e funções e estas, ao se combinarem para atender as necessidades geradas pelos “efeitos” de reestruturação dos processos de organização das relações sociais, produzem o espaço. Neste caso, a idéia de produção do espaço torna-se prisioneira de sua conotação técnica e econômica e adquire a noção de fabricação repetitiva de formas e geração de movimentos. A produção do espaço consiste, então, na realização prática de produção de objetos
“geograficizados” segundo uma dada lógica econômica, e destinam-se a cumprir funções diferenciadas em sintonia com as necessidades de reprodução das relações sociais de produção e da divisão social do trabalho. A “produção” significa, então, “trabalho morto” e organização.

Referência Bibliográfica
http://www.geografia.fflch.usp.br/publicacoes/geousp/Geousp15/Artigo6.pdf
http://www.rc.unesp.br/igce/grad/geografia/revista/numero%203/eg0201pg.pdf

Bairro Centro


Rua Carijós. O comércio
Foto: Rogério França PBH


Rua Rio de Janeiro. A verticalização.
Foto: Antônio Rodrigues – PBH 
Praça Sete
Arquivo PBH


O bairro Centro consolida-se como referência comercial, financeira e política da região metropolitana de Belo Horizonte. O Centro é o lugar em que o comércio e os serviços da cidade se concentram.

A verticalização (construção de grandes e inúmeros edifícios devido à diminuição de espaço físico plano para a construção de edificações) é predominante. 
Dificilmente encontramos casas. 

A característica principal da região central é que todas as ruas se cruzam em ângulo de 90 graus, e, cortando as ruas em quase 45 graus, estão algumas avenidas, como Amazonas e Afonso Pena. Como as avenidas vão no sentido norte-sul ou leste-oeste e as ruas nos sentidos colaterais (noroeste-sudeste e nordeste-sudoeste), um cruzamento de avenidas forma quase uma rosa dos ventos geográfica, com uma variação de aproximadamente 15 graus de diferença no sentido horário.



Funcionários

Ainda encontram-se casas como esta no bairro Funcionários.
Foto: Clarisse Lessa


Prédios comerciais luxuosos.
Foto: Clarisse Lessa
O bairro Funcionários, localizado na Seção Urbana do plano do engenheiro Aarão Reis para a cidade, como o próprio nome diz, foi reservado para as residências dos funcionários públicos que viriam trabalhar na nova capital.

Essas casas, de estilo eclético tinham tamanho, tipologia e luxuosidade variáveis de acordo com a importância do cargo do morador. Atualmente, elas vêm sendo pouco a pouco demolidas ou agregadas a modernos edifícios, normalmente residenciais, que são construídos no bairro.


Bairro predominantemente residencial. As calçadas são largas e quantidade de pedestres é menor em relação ao Centro. 

Sitiografia:
http://pt.wikipedia.org/

Comentando o texto "O Esquecimento Global" de Sérgio Teperman

Falar e utilizar dos recursos da natureza sem agredir o meio ambiente tornou-se moda, porém as atitudes tomadas para um ambiente tornar-se sustentável, são mínimas diante uma questão tão agravante com grandes dimensões.

 

As campanhas de consciência ambiental são indispensáveis, mas ainda são “uma gota d’água quando comparadas com o problema de ‘como conseguir a maior quantidade de energia possível, com menor dano ao meio ambiente’. Caso isso não seja obtido, não há geladeira, fogão, casa, edifício, rua, cidade ‘sustentável’ que resista.”

No passado, o mundo cometeu grandes erros contra a natureza, pois não existia consciência ambiental e nem noção que o progresso atingiria tanto o meio ambiente.

Com os critérios da sustentabilidade, o que podemos fazer é atenuar os impactos, discutindo, debatendo e propor soluções paliativas com o maior empenho e seriedade.

Clarisse Lessa


Revista aU 

O ESQUECIMENTO GLOBAL 
http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/161/artigo58416-2.asp